Idosos

Tratamentos

Aumento da Próstata


Por razões ainda pouco conhecidas, a próstata do homem adulto com mais de 40 anos apresenta uma tendência em aumentar de volume. Esse processo, denominado Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), é bastante variável e não tem relação com qualquer fator até hoje investigado, como alimentação, fumo, influências genéticas, hábitos, sexuais, etc. No entanto, sabe-se que não ocorre no homem jovem e que está relacionado com o hormônio masculino, a testosterona. Por estar situada logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra, o aumento da próstata provoca sintomas miccionais decorrentes da obstrução ao fluxo urinário e dificuldade de esvaziamento da bexiga.

Existem algumas formas de tratar a HPB que incluem medicamentos, cirurgias convencionais, cirurgias endoscópicas e procedimentos minimamente invasivos. Os medicamentos mais utilizados são os alfa-bloqueadores e os bloqueadores hormonais. Os alfa-bloqueadores promovem relaxamento do tônus da uretra prostática facilitando a micção. Os bloqueadores hormonais (finasterida e dutasterida) por sua vez, provocam redução parcial do volume prostático e tendem a melhorar os sintomas miccionais.

Os tratamentos cirúrgicos envolvem a retirada do tecido prostático hiperplasiado ou crescido. Esses procedimentos podem ser feitos através de uma cirurgia clássica, que envolve uma incisão abdominal, ou com o uso de equipamentos endoscópicos específicos. A cirurgia endoscópica é denominada Ressecção Endoscópica da Próstata e é realizada através da uretra sem a necessidade de incisões cirúrgicas. É menos agressiva e permite um pós-operatório menos doloroso e uma recuperação mais rápida.

Recentemente foram introduzidos novos métodos de tratamento denominados minimamente invasivos, realizados também com equipamentos endoscópicos e com o uso de laser. Essa forma de tratamento é ainda menos agressiva, provocam menor sangramento e permitem recuperação pós-operatória mais curta.

Bexiga Hiperativa


A bexiga hiperativa é uma alteração funcional da bexiga, caracterizada por aumento da frequência urinária (polaciúria), sensação de urgência miccional, necessidade de levantar à noite para urinar (noctúria) ou mesmo perdas urinárias por urgência.

Em pessoas normais, o enchimento gradual da bexiga não se acompanha de incômodo ou sensação de premência urinária. Em portadores de bexiga hiperativa, a capacidade da bexiga de armazenar volumes crescentes de urina encontra-se prejudicada. Nessas pessoas, a bexiga contrai involuntariamente provocando a sensação de urgência urinária e até perdas urinárias.

A bexiga hiperativa acomete 17% da população adulta e esse índice aumenta com o avanço da idade. Sabe-se que em populações mais idosas a prevalência de bexiga hiperativa pode passar dos 50% e é uma das causas mais importantes de institucionalização do idoso.

O tratamento da bexiga hiperativa pode ser feito com uma série de medidas que incluem modificação da dieta e do comportamento miccional, uso de medicamentos, fisioterapia e cirurgias. As medidas dietéticas que podem trazer benefício para pessoas com bexiga hiperativa incluem a redução da ingestão de alimentos ou de bebidas irritantes, como o chá, café e bebidas com cafeína, álcool, cítricos (bebidas e frutas), tomate e produtos a base de tomate, alimentos muito condimentados ou ácidos e adoçantes artificiais. Parar de fumar é outra recomendação útil, pois o fumo é irritante para a bexiga, além de provocar tosse, o que aumenta constantemente a pressão abdominal.

Bexiga Neurogênica


A bexiga neurogênica é a denominação geral dada às disfunções da bexiga que ocorrem em pacientes com doenças ou lesões neurológicas.

A bexiga neurogênica pode ser hipoativa, quando o órgão se torna incapaz de contrair de forma adequada, e é incapaz de esvaziar seu conteúdo normalmente. Pode também ser hiperativa, com contrações involuntárias secundárias a reflexos exagerados nos nervos que controlam a bexiga.

Geralmente, as doenças que envolvem o cérebro e as porções mais altas da medula espinhal provocam bexiga hiperativa; enquanto que as lesões da parte baixa da medula e dos nervos periféricos determinam um quadro de hipoatividade da bexiga.

Os portadores de bexiga neurogênica estão sujeitos a algumas complicações urinárias que incluem infecções, formação de cálculos (pedras) e comprometimento dos rins. As infecções urinárias e a calculose podem decorrer do aumento do volume de urina residual na bexiga e de outras alterações da estrutura vesical secundárias à própria disfunção. O comprometimento da função renal é uma complicação temível com consequências algumas vezes muito graves. A correta avaliação do comportamento vesical desses pacientes permite a identificação daqueles que apresentam maior risco e a introdução de medidas que os protejam dessa evolução.

Os pacientes com diagnóstico de bexiga neurogênica devem ter acompanhamento urológico e realizar exames periódicos que incluem ultrassonografia, culturas urinárias, avaliação da função renal e exame urodinâmico.

Câncer da Próstata


O câncer da próstata é um dos tumores malignos mais frequentes no sexo masculino. Da mesma forma que o aumento da próstata ocorre em homens maduros, sua incidência aumenta com o avanço da idade. Sua causa é desconhecida, mas se sabe que tem um importante componente hereditário. Filhos e irmãos de pessoas com a enfermidade têm maior tendência a desenvolver a doença. Outros fatores possivelmente relacionados ao surgimento deste câncer envolvem questões alimentares e ambientais. Comprovou-se, por exemplo, que ocorre mais frequentemente em ocidentais do que em orientais e mais em negros do que em brancos.

O diagnóstico definitivo só é possível com a biópsia da glândula e a análise do tecido prostático por um patologista. A biópsia só é realizada em indivíduos nos quais exista uma forte suspeita da presença do tumor, ou seja, quando um nódulo prostático é detectado no toque retal ou quando há elevação do PSA (antígeno prostático específico). Essa substância é uma proteína produzida pelo tecido prostático que pode ser dosada no sangue e funciona como um “marcador” de doenças da próstata. Essa é uma das razões pelas quais todo homem deve se submeter periodicamente ao toque retal e à dosagem do PSA

Depois de diagnosticado, é necessário avaliar a extensão do tumor e a escolha do tratamento. Tumores prostáticos restritos à glândula são passíveis de cura com cirurgia (prostatectomia radical) ou radioterapia. Nos casos de câncer, a cirurgia envolve a retirada integral da próstata, das vesículas seminais e dos gânglios linfáticos pélvicos. A radioterapia também é um método eficaz e pode ser realizada com radiação externa (método tradicional) ou com implante de sementes radioativas no interior da glândula. Esses tratamentos envolvem o risco de algumas complicações, que incluem disfunção erétil e a incontinência urinária.

Recentemente surgiu uma nova técnica cirúrgica que usa a abordagem laparoscópica acoplada a um robô. A vantagem do uso do robô na prostatectomia radical é a menor agressividade cirúrgica e menor sangramento operatório. Outra forma de tratamento envolve o uso de medicamentos que reduzem ou bloqueiam a testosterona. São mais úteis nos casos em que o tumor prostático não está restrito somente à glândula (pacientes com tumores que se estendem para a vizinhança da próstata ou com metástases à distância).

Câncer de Bexiga


É o segundo tumor urológico mais frequente, sendo o quarto tumor maligno mais comum nos homens e o nono nas mulheres. São tumores relacionados ao tabagismo e à exposição a substâncias presentes em corantes e produtos químicos. Trata-se de uma neoplasia que, em 90% dos casos, surge a partir da mucosa, ou seja, do urotélio vesical. Também chamado de carcinoma transicional de bexiga, constitui 6,2% de todos os tumores malignos.

Várias substâncias estão associadas ao surgimento do tumor vesical. Dentre elas, as mais importantes são o fumo e as aminas aromáticas (encontradas na indústria de tintas, couro, borracha, etc.). Vários estudos epidemiológicos suportam a relação entre essas substâncias e o câncer de bexiga. Outras substâncias não conseguiram exibir uma relação mais estreita, mas continuam sob suspeita: cafeína, adoçantes artificiais e os metabólitos do triptofano.

O tumor pode ser completamente assintomático. Quando existem sintomas, a manifestação mais comum é a presença de hematúria (sangue na urina). Alguns pacientes apresentam manifestações urinárias como ardência miccional, aumento na frequência urinária e dor na bexiga (25% dos casos).

Uma vez levantada a suspeita de tumor, é necessário realizar exames de imagem para comprovar o diagnóstico e avaliar-se a extensão do tumor. A uretrocistoscopia com biópsia faz o diagnóstico definitivo de tumor e permite a avaliação de suas características microscópicas que refletem o comportamento biológico como agressividade e potencial de disseminação.

O tratamento inicial para todos os pacientes com câncer de bexiga é a ressecção endoscópica do tumor, cuja finalidade é a retirada total do tumor. A análise do material retirado por um patologista permitirá a avaliação final do tumor em termos de profundidade e a eventual necessidade de tratamentos complementares. A bexiga possui várias camadas: mucosa, submucosa, camada muscular superficial e profunda e tecido adiposo perivesical. De acordo com a penetração nessas camadas, é que os tumores vesicais são classificados em superficiais ou profundos. Os tumores que se aprofundam na parede vesical muitas vezes exigem a retirada total da bexiga.

Câncer de Rim


Os tumores renais são classificados em sólidos ou císticos. Os tumores sólidos podem ser benignos ou malignos. O tumor benigno mais comum do rim é o angiomiolipoma, cujo diagnóstico é comprovado pela presença de gordura no interior do nódulo. Os tumores sólidos sem presença de gordura são, em 90% dos casos, carcinomas renais (tumor renal maligno).

As tumorações císticas de rim, por sua vez, se caracterizam pela presença de líquido em seu interior e são facilmente identificadas em exames de imagem.

As causa do câncer renal ainda não são totalmente conhecidas. Estudos apontam para o cigarro como um importante fator de risco. Outro fator que pode desencadear seu início é o contato com materiais utilizados em indústrias, como o cádmio, asbestos, chumbo e hidrocarbonetos aromáticos. Pacientes com insuficiência renal crônica, que fazem hemodiálise, costumam desenvolvem lesões que podem dar origem ao câncer renal.

A ocorrência de câncer renal é maior em pessoas de meia idade e, geralmente, afeta apenas um dos rins.

Na fase inicial, o câncer de rim não costuma apresentar sintomas. Geralmente, sangue na urina é um dos primeiros sinais que acusam a presença do câncer renal.

Grande parte dos tumores renais é diagnosticada por acaso em exames de imagem realizados por outras razões, como dor abdominal, check-up etc. É o que os médicos chamam de “achado incidental”. Quando diagnosticado precocemente, o câncer renal tem grandes chances de cura.

A remoção cirúrgica do rim costuma ser o tratamento de escolha para os tumores localizados, restritos ao rim. Quando o tumor já invadiu outros órgãos, a conduta costuma ser a cirurgia conservadora, o que significa remover apenas o tumor, preservando o rim. O tratamento com quimioterapia não tem apresentado resultados satisfatórios. Entretanto, novas drogas, mais eficazes para combater o tumor renal, vêm sendo pesquisadas no mundo todo. A radioterapia tem sido a melhor alternativa para controlar a dor e a extensão da doença em tumores renais avançados e/ou metastáticos.

DAEM


Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), também conhecido como andropausa ou menopausa masculina, é a síndrome que decorre do declínio nos níveis dos hormônios masculinos (testosterona). Estudos mostram que a queda dos níveis de hormônios masculinos pode levar a alterações da função sexual, osteoporose, perda da força muscular, depressão e diminuição da qualidade de vida.

No homem, a diminuição na produção de hormônios ocorre de maneira lenta e gradual, a partir dos 40 anos, diferentemente da mulher, onde a queda é abrupta e culmina com a menopausa. A redução dos níveis de testosterona também pode ocorrer com a obesidade, estresse, diabetes, AIDS ou ser decorrente do uso de determinadas medicações, como diuréticos, corticóides e remédios para câncer de próstata. Hábitos como o alcoolismo também podem influenciar negativamente na função hormonal masculina.

O tratamento é feito com a reposição hormonal da testosterona, sendo mais usadas as formas injetáveis e transdérmicas (adesivos ou gel). Há contraindicações para reposição hormonal em pacientes com câncer de próstata e;ou obstrução prostática. O diagnóstico da DAEM é feito com base na presença de sintomas e na comprovação do baixo nível hormonal nas dosagens sanguíneas. É necessária cautela para não se atribuir à falta de hormônio sintomas gerados pelo envelhecimento, por doenças orgânicas ou mesmo psicológicas que podem ocorrer na mesma faixa etária.

Disfunção Erétil


É a dificuldade do homem para ter ou manter uma ereção suficiente para a relação sexual. A famosa impotência sexual, um problema que pode ocorrer em homens de todas as idades. É um problema bastante comum e estudos brasileiros comprovaram que cercas de 50% dos homens brasileiros têm alguma queixa de disfunção erétil.

As causas do problema podem ser psicológicas e físicas. Em 70% dos pacientes jovens e em 35% dos mais velhos, a impotência é causada por problemas psicológicos. Depressão e ansiedade são os exemplos mais comuns, porque afetam os mecanismos neurológicos responsáveis pela ereção. Já as causas físicas podem estar relacionadas com o sistema vascular, hormonal ou neurológico. As situações orgânicas mais comumente responsáveis por disfunção erétil são o diabetes, o hábito de fumar e o uso de drogas ou medicamentos.

Existem várias formas de tratamento que incluem a psicoterapia, reposição hormonal e medicamentos. Os medicamentos específicos podem ser utilizados por via oral (inibidores da fosfodiesterase 5) ou por injeção peniana (papaverina, prostaglandina etc). Em casos mais sérios, o implante de prótese peniana pode resolver o problema. Cada caso deve ser avaliado individualmente por um urologista para a escolha do melhor tratamento.

Estenose de Uretra


Estenose uretral é o estreitamento de um segmento da uretra, que pode resultar em diminuição ou mesmo interrupção completa do fluxo urinário, com potencial de acarretar uma série de complicações. A uretra é um órgão tubular por onde a urina é eliminada da bexiga para o meio externo. Qualquer parte da uretra pode ser afetada, sendo que a extensão do estreitamento pode variar de alguns milímetros até vários centímetros ou mesmo afetar a uretra em todo o seu comprimento. Esse problema é mais comum e mais complexo em homens, que possuem uma uretra mais longa e mais sujeita a traumas e infecções.

O mecanismo do estreitamento é geralmente iniciado por trauma (traumas externos, sondagens etc.) ou processo inflamatório que ao cicatrizarem podem sofrer deposição excessiva de tecido fibrótico que, por sua vez, irá provocar diminuição do calibre uretral. O fluxo reduzido de urina geralmente é o primeiro sintoma. Dificuldade miccional é bastante comum, porém a interrupção completa do fluxo é rara. Entre os sinais do problema estão: jato espraiado ou duplo, gotejamento de urina após a micção, aumento da frequência miccional (necessidade de urinar mais vezes), noctúria (acordar e levantar à noite para urinar), ardência no momento da micção e incontinência urinária.

O diagnóstico de estenoses uretrais é feito com exames de imagem e avaliação da força do jato urinário. O exame radiológico mais adequado para o diagnóstico da estenose e avaliação de sua extensão é a uretrocistografia retrógrada. A avaliação do jato urinário é realizada por meio da fluxometria, em que se pode avaliar a força do jato urinário de forma objetiva e com registro gráfico. A observação endoscópica da uretra também é útil em alguns casos.

O tratamento da estenose uretral pode ser realizada através de três métodos: dilatação uretral, abertura endoscópica da uretra o uretroplastia (plástica uretral). As dilatações podem ser empregadas como forma de tratamento auxiliar em estenoses curtas e leves, ou mesmo no período pós-operatório para estabilização do segmento operado. Já a uretrotomia é realizada através de um tipo especial de endoscópio (chamado cistoscópio), que é introduzido pela uretra até o local da estenose. Com uma pequena lâmina embutida no aparelho, corta-se a região de fibrose ao longo do segmento estenótico, aumentando dessa forma a luz da uretra. Apesar da maioria dos pacientes melhorar durante algum tempo, apenas cerca de 30% ficam definitivamente curados com esse procedimento. Por fim, a cirurgia plástica da uretra com retirada ou colocação de enxerto no local estenosado é a opção mais segura de se obter cura definitiva do problema.

Fístula Vesicovaginal


A fístula vesicovaginal consiste em uma comunicação entre a bexiga e a vagina, levando a perda contínua de urina. As fístulas surgem principalmente após procedimentos cirúrgicos na região pélvica, em especial a histerectomia (retirada do útero). Outras causas, como radioterapia, tumor de colo de útero, infecções, etc., também podem levar ao surgimento de fístulas.

O principal sintoma é a perda contínua de urina através da vagina que surge alguns dias após cirurgias pélvicas. A quantidade de perda urinária varia de acordo com a gravidade da fístula. Ou seja, fístulas menores tendem a ter uma perda de quantidades menores de urina. O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, como a uretrocistografia miccional e a ressonância magnética, e através da endoscopia da bexiga (cistoscopia).

O tratamento é a correção cirúrgica da fístula. Pode ser feito por via abdominal ou vaginal e, quando realizado adequadamente, proporciona boas chances de cura.

Incontinência Urinária


Dentre as alterações urinárias que acometem os idosos, a incontinência urinária é a mais comum. Pode determinar ansiedade, depressão e, principalmente, isolamento social. É fundamental estudar suas causas e estabelecer medidas terapêuticas adequadas em cada caso.

Na mulher idosa, pode ocorrer a incontinência urinária aos esforços quando se realizam manobras com aumento da pressão abdominal (tosse, espirro, prática de exercícios, etc). O problema é causado por enfraquecimento da musculatura pélvica que sustenta a bexiga –“bexiga caída”– ou por deterioração da função do esfíncter urinário. Está relacionada a partos vaginais e pode sofrer interferência negativa da falta de estrógenos, o que ocorre na mulher após a menopausa.

No homem idoso, a partir dos 50 anos, a próstata começa a crescer, dificultando a passagem de urina. Se não tratada, pode bloquear completamente o fluxo de urina. Até que isso ocorra, vários problemas podem ser observados, inclusive a incontinência urinária.

Há doenças que podem acometer tanto homens como mulheres, diabetes mellitus, obstrução prostática, mal de Parkinson e de Alzheimer, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras que são acompanhadas de urgência miccional.

A incontinência urinária aumenta o risco de infecções urinárias e problemas cutâneos na população idosa, além de colocar esses pacientes em risco de quedas e fraturas. Outra particularidade da incontinência urinária do idoso é que ela pode ser proveniente de problemas e disfunções transitórias. Situações que devem ser identificadas, pois o tratamento pode curar a incontinência. A obstipação intestinal e retenção fecal, a irritação da bexiga por infecções urinárias, pedras na bexiga, tumores de bexiga, uso de diuréticos e poliúria, restrição da mobilidade, obstrução uretral, alterações da consciência estão entre essas doenças.

O diagnóstico é feito através da avaliação da história clínica, análise de sangue e urina e, quando necessário, por meio de exames que avaliarão o funcionamento da bexiga, especialmente o exame urodinâmico. O tratamento nos idosos apresenta algumas particularidades. Primeiro, é fundamental que o diagnóstico seja cuidadoso e que se considerem todas as possíveis causas, incluindo aquelas consideradas transitórias. Excluídas ou tratadas essas condições, os tratamentos seguem os princípios gerais da terapêutica da incontinência urinária. Outro cuidado fundamental é no tratamento medicamentoso das disfunções vesicais. Nesses casos, a primeira linha de tratamento é com o uso de drogas anticolinérgicas que visam à diminuição da hiperatividade da bexiga. Essas substâncias têm como efeitos adversos a prisão de ventre, boca seca e alterações cognitivas (falha de atenção, de memória e sonolência), que nos idosos podem ser mais intensas.

Muitos idosos evoluem com perda de força da musculatura da bexiga, que pode provocar dificuldade de seu esvaziamento e aumento do resíduo pós-miccional. Para tratar, o indicado são métodos que reduzam a capacidade de contração da bexiga ou que aumentem a resistência uretral. O tratamento da doença no idoso tem boas chances de sucesso e de melhora da qualidade de vida.

Infecção Urinária


Infecção urinária é o acometimento do trato urinário por agentes infecciosos. Dentre esses agentes, que podem ser bactérias, fungos ou vírus, os mais frequentes são bactérias de origem intestinal. Essas bactérias chegam à bexiga, geralmente, por via ascendente através do meato uretral externo e uretra.

As mulheres são mais atingidas por infecções urinárias do que os homens, pois as bactérias causadoras de enfermidade atingem a bexiga feminina com muito mais facilidade do que a masculina. Além disso, sabe-se que a atividade sexual facilita a entrada de bactérias no interior da bexiga em mulheres. Isto se dá pelo encurtamento mecânico da uretra, que ocorre durante a penetração vaginal. Muitos estudos demonstram a elevação abrupta do índice de infecções urinárias em mulheres a partir do início da vida sexual.

Algumas mulheres, entretanto, apresentam uma tendência exagerada a infecções urinárias, com recidivas frequentes que geram grande incômodo e preocupação. Não se sabe exatamente qual é a razão pela qual essas mulheres têm tanta facilidade para o desenvolvimento de infecções urinárias. Provavelmente, há algum defeito nos fatores naturais de proteção que existem no trato urinário e que normalmente a protegeriam da agressão bacteriana. Esses fatores incluem a acidez urinária (baixo pH), camada protéica protetora da mucosa vesical (camada GAG), anticorpos de superfície presentes na mucosa vesical, etc.

O tratamento da infecção urinária é feito com antibióticos. Crises agudas de infecção urinária não complicadas podem ser tratadas por curto período com alta taxa de cura. Recomenda-se que as cistites (infecção restrita à bexiga) sejam tratadas com antibióticos adequados por apenas três dias. Casos mais complicados, como as pielonefrites (infecção urinária que atinge os rins), devem ser abordadas de forma mais cuidadosa com antibióticos, por período mínimo de dez a 14 dias, hidratação vigorosa e, muitas vezes, internação hospitalar até que o estado geral melhore e a febre desapareça.

Algumas mulheres apresentam grande tendência a infecções urinárias que se repetem com frequência variável. Esse quadro é chamado de “Infecções Urinárias de Repetição” e representa um desafio médico. Não há ainda uma forma de “curar” essas mulheres da sua tendência de desenvolver infecções urinárias. Pode-se, entretanto, controlar com muita eficiência a situação e minimizar de forma significativa o número de recidivas com aumento da ingestão de líquidos, uso de alimentos ricos em fibras para normalização da função intestinal e vitamina C para redução do pH urinário. É necessário manter uma higiene íntima adequada, sem exageros, porque medidas exageradas de higiene podem causar danos à mucosa vulvo-vaginal, aumentando o risco de infecções locais. Ter um esvaziamento intestinal regular, já que mulheres com constipação intestinal crônica têm maior tendência a recidivas de infecções urinárias, além de tratar rapidamente as infecções vaginais.

Há ainda recomendações específicas para algumas situações como o uso contínuo de antibióticos em baixas doses, ou quimioprofilaxia, e uso de vacinas que podem reduzir o índice de recidivas.


Litíase Renal


A presença de pedras ou cálculos no trato urinário, em geral, é acompanhada de sintomas dolorosos. A dor característica nesses casos é chamada de cólica renal e se caracteriza por forte dor na região lombar, que pode se irradiar para outras partes do abdome.

O diagnóstico é feito com exames de imagem que confirmam a presença do cálculo, seu tamanho e localização. O ultrassom identifica cálculos nos rins e na bexiga, mas, muitas vezes, não é capaz de identificar cálculos nos ureteres (canais que ligam os rins à bexiga). Já o raio-X de abdômen identifica cálculos com alto teor de cálcio em sua composição. O exame mais preciso é a tomografia computadorizada, que avalia todo o trato urinário e identifica cálculos em qualquer localização.

Pessoas com cálculos urinários devem sempre ser tratadas com o objetivo torná-las livres das pedras. Vejam alguns recursos utilizados:
- Dissolução química com o uso de medicamentos: possível só em cálculos de ácido úrico.
- Fragmentação extracorpórea: com o uso de equipamento específico, os cálculos podem ser “bombardeados” e fragmentados. Esse equipamento é chamado de litotridor extracorpóreo e funciona com a emissão de ondas de choque. Nesses casos, os fragmentos serão eliminados espontaneamente, por meio das vias urinárias.
- Cirurgias endoscópicas: parte dos cálculos urinários não é passível de tratamento por meio da litotripsia extracorpórea e devem ser retirados por via endoscópica. Existem endoscópios próprios para a retirada de cálculos localizados no ureter (canal que liga o rim à bexiga) e para cálculos renais. O procedimento de retirada de cálculos nos ureteres é denominado ureterolitotripsia e a cirurgia para retirada de cálculos renais é chamada de nefrolitotripsia percutânea. Nas cirurgias endoscópicas, é possível fragmentar os cálculos com o uso de laser ou outras ondas mecânicas (ultrassom e litotridor balístico).
- Cirurgias convencionais (abertas): com toda a tecnologia que se tornou disponível nos últimos anos, é raro haver necessidade de uma cirurgia aberta para retirada de cálculos.


Pedra nos Rins


Ver Litíase Renal.


Prolapsos Vaginais


Os prolapsos vaginais são bastante comuns na população feminina, principalmente, acima dos 50 anos. São decorrentes de alterações na estrutura de sustentação dos órgãos da cavidade pélvica, incluindo uretra, bexiga, útero, intestinos, sigmóide e reto. O principal responsável por manter os órgãos na posição adequada é um conjunto de músculos chamado de levantador do ânus. Além desses músculos, existe uma série de ligamentos que também ajudam na sustentação dos órgãos e, quando ocorre uma fraqueza no levantador do ânus e nos ligamentos, os órgãos da cavidade pélvica tendem a sair pela vagina devido à constante pressão exercida pelo abdome sobre eles.

Alguns fatores que levam ao enfraquecimento ou relaxamento desses músculos e ligamentos são: histerectomia (retirada do útero), cirurgias vaginais ou abdominais prévias, partos vaginais, parto prolongado, obesidade e menopausa.

Essa fraqueza muscular é algo que não pode ser corrigido com exercícios, sendo necessário tratamento cirúrgico para reforçar as estruturas lesadas ou enfraquecidas. Desta forma, o tratamento de prolapsos deve ser feito em conjunto, visando restaurar a anatomia de todo o assoalho pélvico.

Mulheres com prolapso vaginal geralmente não percebem o problema até o prolapso se tornar acentuado. Entre os sintomas, estão sensação de peso na vagina, desconforto vaginal, dor durante a relação sexual e constipação intestinal. A incontinência urinária pode estar associada já que as alterações musculares e ligamentares não se restringem a apenas um setor do assoalho pélvico.

O exame físico é uma das principais formas de diagnóstico, podendo ser auxiliado por alguns exames como a ressonância magnética. A correção pode ser feita totalmente pela vagina, totalmente pelo abdome ou utilizando as duas abordagens combinadas.


Prostatites


As inflamações da próstata, ou prostatites, são, na realidade, um conjunto de doenças com comportamentos diferentes.

- Prostatite aguda: é a inflamação aguda causada por bactérias específicas. Em geral, tem uma manifestação bastante sintomática, com febre alta, calafrios, dificuldade para urinar e queda do estado geral. O tratamento deve ser feito com antibióticos potentes, hidratação e analgésicos.
- Prostatite crônica: é a inflamação crônica da próstata, também causada por bactérias específicas, e se manifesta por quadros repetitivos de infecções urinárias. O tratamento também é feito com antibióticos por períodos prolongados, que visam à erradicação dessa população de bactérias do tecido prostático.
- Prostatite abacteriana: é a inflamação crônica da próstata, não relacionada à infecção bacteriana. Em geral, é assintomática e se manifesta mais frequentemente por elevação do PSA (antígeno prostático específico).
- Prostatodínia: é um quadro que não envolve obrigatoriamente um processo inflamatório ou infeccioso da próstata e se manifesta por dor pélvica e perineal.

A classificação acima foi recentemente modificada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), que propõe a seguinte denominação:
- Prostatite Categoria I: prostatite bacteriana aguda.
- Prostatite Categoria II: prostatite bacteriana crônica.
- Prostatite Categoria III: prostatite crônica – síndrome dolorosa pélvica crônica.
III a: inflamatória (antiga prostatite crônica abacteriana)
IIIb: não inflamatória (antiga prostatodínia)
- Prostatite Categoria IV: prostatite inflamatória assintomática


Reposição Hormonal


O hormônio sexual masculino, denominado testosterona, é responsável pelos caracteres que identificam o homem, como tom da voz, distribuição de pelos e musculatura. A partir dos 40 anos, observa-se que os níveis de testosterona passam a declinar. As causas dessa queda podem ser a diminuição do número de células produtoras de hormônio (células de Leydig), a diminuição da testosterona biologicamente ativa ou da capacidade testicular de responder a estímulos da hipófise (LH), entre outras.

Os sinais clínicos provocados pela queda hormonal no homem podem ser muitos e vão desde depressão e nervosismo à queda de cabelo, incluindo a queda da autoestima, alterações do humor, irritabilidade, perda de massa muscular e do vigor físico, diminuição da densidade óssea e da libido, fadiga, perda de concentração e de memória.

Atualmente, existem diferentes formas de se administrar a terapia de reposição hormonal masculina. Pode ser realizada por via oral, intramuscular ou transdérmica (adesivos).


Varicocele


A varicocele, as varizes do testículo, é uma enfermidade que consiste na dilatação anormal das veias testiculares, principalmente após esforço físico. Essas veias fazem parte do cordão espermático. Sua dilatação pode dificultar o retorno venoso provocando disfunção testicular e piora da qualidade do sêmen. Embora seja uma das causas da infertilidade masculina, varicocele não provoca distúrbios de potência sexual e, em geral, é congênita, aparecendo na maior parte das vezes na adolescência e quase nunca na infância.

Costuma ocorrer mais do lado esquerdo do escroto e pode ser assintomática. Em alguns casos, causa dor, desconforto e pode comprometer a estética da região. O próprio paciente ou seu médico podem notar a dilatação das veias no saco escrotal. Os exames para auxiliar o profissional neste diagnóstico são: ultrassonografia, ecografia testicular e cintilografia dos testículos.

A utilização de suspensório escrotal durante as atividades físicas e alguns medicamentos por via oral ajudam a melhorar os sintomas. No entanto, se comprovada a relação da varicocele com a infertilidade, o procedimento cirúrgico é essencial. A cirurgia é simples, realizada sob anestesia raquidiana ou peridural, na qual são feitos dois pequenos cortes na região pubiana e realizada uma ligadura das veias varicosas.